Endless Flame

Nome : Endless Flame
Autor : NandaSalvatore
Shipper : Avery e Eric
Classificação : +16
Sinopse :Avery é uma anja, que desce à Terra junto com seus "irmãos" para trazer a Paz de volta ao planeta que está sendo castigado por violência, doenças, guerras...
Mas tudo muda quando ela percebe que se envolveu, que se apaixonou...e um anjo não deve amar dessa forma, ainda mais por quem ela se apaixonou...
Quanto alguém pode amar?
Até onde alguém vai por um amor impossível?
Um amor impossível. Um amor que rompe as barreiras entre o céu e o inferno.

Prólogo
Eu não sei como tudo isso começou, eu não sei quando o sentimento surgiu em mim ou quando surgiu nele. Eu nem entendia como podia ser possível. Apenas existia como se devesse existir, como se fosse tão certo quando o calor do sol, tão certo como o brilho apaixonado da Lua, eu uma anja estava apaixonada por um...por alguém que eu não podia amar...


Eu sentia minha pele queimar cada vez que tocava a dele, mas eu não podia recuar, eu não podia, nem queria. Precisava sentir o toque dele, precisava sentir a textura de seus lábios mesmo se doesse e doía muito. Nós não havíamos sido feitos para ficar juntos. Nós não deveríamos nem ser amigos, nós deveríamos ser inimigos, mas havia algo entre nós, havia algo muito forte. Minha mão querimava como brasa, mas não soltava a dele, o carinho que seus dedos masculinos faziam em minha pele frágil me acalmava, amenizava a dor, fazia com que tudo valesse a pena. Eu o amava.


–Como isso é possível? –Perguntei ainda confusa, como eu podia me sentir daquela forma? Como? Como eu, justo, eu poderia ter me apaixonado por alguém como ele? Como ele poderia me amar? Não fazia sentido ao mesmo tempo que para meu coração fazia todo sentido, porque naquele instante, cada batida era por ele, somente por ele.


–Eu não sei, Avery. –Eric me respondeu tão confuso quanto eu. Levou uma das mãos até meu rosto e deixou os dedos acariciarem minha pele. Mordi o lábio sentindo a queimadura que os dedos dele traçavam em mim. Eric recuou, mas eu o olhei de uma forma que fez com que ele continuasse. Não importava o quanto podia machucar. Eu precisava dele. Doía mais sem ele. –Eu não deveria sentir nada...-Falou-me baixando o olhar, como se aquilo o incomodasse de uma forma. – Eu não deveria te amar, eu deveria odiar você. – Continuou. – O amor não deveria existir em mim.


–Isso não é verdade...-Eu sussurei, levando ambas as mãos ao rosto dele. –Eu sei que apesar de tudo, apesar de você ser o que você é, você possuiu um coração tão capaz de amar quanto o meu. – Minha voz tornou-se ainda mais delicada, doce. Era improvável, mas ele amava, ele sentia. E eu também não deveria amá-lo, mas amava. – Eu deveria ser sua inimiga, mas eu também não consigo ser...-Eu te amo, Eric.


Nossos lábios se uniram, nossas línguas se entrelaçaram numa dança apaixonada. Por mais que ele ferisse meu corpo, eu não sentia nada. Era como se o amor preenchesse tudo, era como se o amor curasse todas as feridas. Era amor. Era um amor impossível. Completamente impossível. E eu nem sei como contar essa história, nem sei como começar a contar como tudo isso aconteceu.

Aquela era a primeira vez que descia à Terra, mas era como se aquele lugar já fosse familiar para mim. Lembro-me de ficar observando atentamente, durante quase todos os dias, as pessoas, a natureza...

Embora tudo no Paraíso seja perfeito, a Terra sempre me encantou e atraiu e eu nunca entendi porque, talvez fosse a imperfeição, as dificuldades e os desafios que tornam a vida humana tão interessantre. Deve ser por isso, que os humanos possuem tantos sentimentos confusos. Já nós anjos, somos diferentes, nós não sentimos da mesma forma.

Nosso amor é diferente, é calmo, ponderado não é como a chama intensa e arrebatadora de uma paixão humana. Bem, nós não amamos dessa forma, ou não deveríamos amar. Nós também não possuímos sentimentos negativos como raiva ou ódio...

Mas em fim, minha missão e de meus irmãos na Terra é a de fazer boas ações, plantar a semente do bem nos corações, porque só assim é possível se vencer a guerra milenar entre o bem e o mal.

Ficaremos numa pacata cidadezinha no interior da Louisiania. Bem, na minha vida na Terra, serei uma uma estudante universitária do curso de Letras na Universidade Estadual da Louisiania.E hoje é meu primeiro dia de aula. Meu irmão e irmã, Lewis e Anabelle, também irão para a faculdade. Ele será um professor e ela trabalhará na biblioteca. E bem, hoje é o meu primeiro dia de aula.

Acordei cedo, tomei um banho demorado, deixando meu corpo relaxar com a água quente que caía sobre ele, massageando-no. Coloquei uma roupa bem simples e confortável. Bem, talvez por ser uma anja, eu não sou vaidosa como as garotas humanas. Estava usando uma calça jeans, uma blusinha branca e um tenis All Star. Coloquei todos os livros dentro de uma mochila e fui para a aula.

Quando cheguei na faculdade, senti-me um pouco perdida, o campus era imenso e eu não tinha idéia de onde ficava o prédio onde teria aula. Fui caminhando, tentando me orientar, mas era bem complicado se achar num lugar tão grande, confuso e principalmente cheio de gente. Eu não estava acostumada a ver tanta gente assim. No Paraíso, não é assim. Mas a verdade, é que, eu estava gostando daquela agitação. Como eu já disse, a Terra sempre foi um lugar fascinante para mim. Depois de andar um pouco decidi pedir informação para uma menina morena que estava passando.

-Com licença...-Falei em um tom simpático. –Você sabe onde fica o prédio de Letras?

-Sei, sim. – A menina falou sorridente. – Eu estou indo para lá, se quiser, você pode ir comigo.

-Eu quero sim. –Respondi abrindo um sorriso afável.

-Ah, meu nome é Jéssica. – A garota falou da mesma forma simpática. –E você, como se chama? –Perguntou.

-Meu nome é Avery. –Respondi.

-Caloura...-Ela riu. –Preparada para o trote?

-Trote? –Perguntei sem entender muito bem. –O que é isso?

-Você não tá falando sério né?

-Na verdade, eu estou.

-Você não sabe o que é trote? –Jéssica pareceu surpesa.

-Não.

-De que planeta você saiu?

-Desse mesmo.
-Nossa, você é tão estranha, mas eu gostei de você.-A garota me puxou pela mão, conduzindo-me até o prédio.

Enquanto caminhavámos, senti-me verdadeiramente estranha. Eu não conhecia nada da vida humana, afinal e estranhamente gostava de descobrir aquele mundo. Era tão intrigante, tão intenso. Foram mais alguns metros até chegar em nosso prédio. Haviam muitos jovens conversando alto, falando no celular e, também, haviam muitos que estava lendo, estudando.

-Ei, qual a sua sala? -Jessica perguntou.

-Deixa eu ver aqui...-Peguei dentro da bolsa o programa que havia recebido por email. -Sala 302B. -Falei.

-É pertinho da minha, eu te levo lá. Ainda tenho que te levar até seu armário antes para você não ficar carregando peso todos os dias.

Passamos pelo extenso corredor e eu ia analisando tudo atentamente. Já me sentia mais familiarizada com aquilo tudo, com o clima meio descontraído da universidade. Eu também tinha gostado da Jéssica. Ela parecia ser bem legal. Peguei-me sorrindo, como se eu já estivesse em casa, me sentia quase humana.

Chegamos até os armários e eu também já tinha um número. Estava organizando meus livros quando vi um garoto moreno, cujos olhos eram os mais verdes que eu já visto passar. Olhou-me com um sorriso zombeteiro enquanto parecia me analisar com cuidado. Senti-me de uma forma estranha quando o vi, não consegui decifrar exatamente o que era.

Apenas havia algo nele, algo que prendeu a minha atenção por mais do que um breve momento. Na verdade, não pude entender o que senti. Jéssica ficou tagarelando, mas eu já não estava ouvindo direito, fiquei apenas observando o garoto misterioso com quase a mesma atenção com a qual ele me observava. Balancei a cabeça negativamente como se tentasse voltar a realidade. Na verdade, em boa parte, foi a voz insistente de Jéssica a me chamar que tirou-me daquele transe tão confuso.

-Ele é encrenca. – A loira falou enquanto exibia um sorriso diferente em seus lábios, como se achasse graça da minha atitude.

-Como? –Mais uma vez perguntei sem entender. Na verdade, isso já estava se tornando comum. Eu ainda não entendia muito bem a lógica humana.

-Eu sei que ele é lindo. – A garota colocou-se a falar. –Mas ele não namorada nenhuma garota. – Revirou os olhos em sinal de desaprovação. –Resumindo, ele é um safado, só usa as garotas.

-Não, não...-Respondi ao me tocar sobre o que ela estava falando. Eu não estava interessada nele, não mesmo, não da forma como ela estava pensando.

Eu era uma anja, não me interessava assim pelas pessoas. E bem, eu o olhei por que ele me chamou a atenção, não por ser bonito, o que definitivamente ele era. Os lindos olhos verdes e pele clara faziam um contraste perfeito com seus cabelos negros. Seu corpo possuía músculos bem definidos.

Mas com toda a certeza, não foi por isso que eu fiquei olhando-no. Apenas havia algo nele, algo que me intrigava. O brilho de seu olhar era diferente, por um instante, pude jurar que era maléfico, e no outro, apenas achei que havia uma certa familiaridade naquele olhar. Eu simplesmente não podia dizer.


-Fica tranquila, Avie. –Ela respondeu, já me dando um apelidinho. –Só estou avisando caso você esteja afim dele ele, para depois não dizer que eu não fui sua amiga quando ele te trair e te magoar. –Fez uma pausa. –Por que acredite, isso é o tipo da coisa que ele faz.

-Tudo bem. –Eu respondi apenas para que o assunto morresse. Ela não iria entender que eu não estava a fim dele e também não ficaria afim de garoto nenhum. Na verdade, achei até engraçado ela pensar isso. Simplesmente, não tinha nada a ver.

Terminei de organizar meus livros, ficando apenas com dois livros e um caderno para qual eu iria para a minha primeira aula.

-Desculpa, Avie, eu só quis falar que o Eric pode ser um grande canalha...

Naquele instante, Eric veio em nossa direção e esbarrou em mim, ou melhor, pelo que pareceu, ele esbarrou propositadamente em mim e com violência, fazendo com que eu caísse com todos os livros pelo chão.

-E um grande idiota! –Jéssica completou o que estava falando anteriormente. –Você está bem? –Perguntou-me preocupada enquanto me ajudava a levantar.

-Sim, eu estou. –Respondi ainda confusa enquanto olhava para Eric. Não tinha entendido o porque daquela atitude tão grosseira. Jéssica parecia irritada, mas eu não. Eu não estava irritada, tão pouco, estava brava. Eu não sentia esse tipo de coisas, anjos não tem sentimentos negativos, pelo menos até onde eu sabia. Eu apenas estava supressa, perplexa com a falta de educação do garoto.

Naquele instante, percebi que ele estava me olhando, aquele mesmo olhar que eu achara maléfico instantes atrás e ele ainda estava rindo como se tivesse achado graça disso. Foi na direção de um grupo de garotos que pareciam ser amigos dele e que também estavam rindo. Senti a respiração de Jéssica bufar nas minhas costas e no instante seguinte, ela estava caminhando, com passos pesados, na direção dele.

-Vou fazê-lo te pedir desculpas. - Ela disse revoltada.

-Não, tá tudo bem. - Fiz uma pausa. -Está tudo bem. -Completei, tudo que eu não queria era ver uma briga. Eu não estava lá para semear discórdia, mas, sim, a paz.

-Esse garoto é um retardado... -Falou no mesmo tom irritado. -Eu sou representante de classe e não vou deixar que ele faça isso...

-Sério, Jess...-Peguei-me dando um apelido para ela enquanto pedia para que ela simplesmente esquecesse, deixasse para lá.

Não adiantou, ela era teimosa demais para que eu a fizesse mudar de idéia tão facilmente. Eu poderia usar meus poderes angelicais e fazer com que ela mudasse, mas isso não era certo, as pessoas tinham direito a suas escolhas, das mais simples até as mais complexas.

-Eric, você deve desculpas a Avery... -Jéssica falou em um tom intimidante.

-Avery? -Eric e os amigos riram.

-Que tipo de pessoa se chama Avery? -Um dos amigos dele falou em tom de deboche.

-Aquela perdedorazinha que eu derrubei. -Ele respondeu em tom de escárnio e me olhava. Algo no olhar dele mudou quando ele fitou meus olhos, algo no meu olhar mudou também. Acho que ele se sentiu daquela mesma forma indecifrável que eu havia me sentido quando o vi pela primeira vez. Era algo estranho, algo assutador e ao mesmo tempo convidativo, algo indefinível, intenso. Por um instante, ficamos apenas nos olhando, tentando entender o que estávamos sentindo...

-Ei, cara! - Um deles o chamou como se quisessem chamá-lo para ir embora.

Só que Jéssica os interrompeu.

-Eric, deixa de ser mau educado e pede desculpas para a garota.

O moreno deu alguns passos, seu andar parecia descontraído e também bastante confiante. Eric aproximou-se de mim e naquele instante, com aquela proximidade perturbadora, senti meu corpo formigar, como se reagisse a ele, e não entendi porquê. -Foi mal, anjo. -Falou no mesmo tom irônico e saiu andando e rindo.